quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O SISTEMA PRISIONAL SOVIÉTICO.

Prezado Leitor(a):

Sei que, às vezes, a gente não tem tempo para leituras extensas, mas como poderemos saber dos fatos ocorridos, senão pela pesquisa e leitura? O texto abaixo é um resumo e tradução de um texto que li em jornal ucraniano, e que nos dá uma visão clara do que foi o regime comunista na União Soviética. Como o nosso governo é amicíssimo de Fidel Castro, e este implantou em seu país o regime soviético, tive vontade de mostrar para vocês (e para o Brasil inteiro se pudesse) o que foi esse regime, esse “um mundo melhor” tão exaltado “em prosa e verso”, e do qual os militares nos salvaram na década de 1960. Espero que leiam. Oksana.

HISTÓRIA:

Por Oksana Kowaltschuk

Ilhas Solovetsky ou Solovki, ficam no Mar Branco. Inicialmente sede de monastério importante do Império Russo, depois colônia penal czarista e campo de concentração do regime soviético.
A tragédia do Arquipélago Gulag - Ilhas Solovki. Os contemporâneos chamavam as galés de Solovki “União Soviética em miniatura”. O que era verdadeiro, não somente porque ali estavam representadas todas nações da então URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), mas também porque a situação no Arquipélago era idêntica à situação da URSS na intensidade da repressão, na quantidade dos aprisionamentos e no tratamento dispensado aos presos.
Os campos prisionais de Solovki foram criados em 13.10.1923, pelo Conselho de Comissários da URSS. Em 02.11.1939 pela NKVS (antecessora da NKVD - posteriormente KGB, sigla da polícia da União Soviética).
O funcionamento desse grande conjunto prisional de mortes, durante 16 anos não foi casual ou herança de tradição russa. Era uma necessidade urgente, um sistema, um sistema de medo, graças ao qual pôde funcionar todo sistema, criado pelos bolcheviques sobre as ruínas do império russo.

Prisões de Solovki - local de desespero e suplício. A maioria dos que lá chegavam, lá morriam. Trabalhavam no corte da madeira, construíam estradas de ferro e o Canal do Mar Báltico que, sozinho, levou a vida de aproximadamente 100 mil pessoas.
Ali encontravam-se representadas todas as categorias sociais: trabalhadores, aldeões e inteligência, bem como os religiosos. Em 1923-1924 foram aprisionados 2.469 padres, e em 1931-32, 19.812. Muitos deles foram para Solovki.
Uma considerável porcentagem constituíam os ucranianos. A “Ucrainização” de Solovki começou, ainda, no início do século XVIII, quando Catarina II mandou para lá o último “otaman” da Sitch Zaporozka” (exército voluntário ucraniano), Petro Kalnyshevskyi, que lá ficou por 34 anos, 9 dos quais em câmera isolada. Depois disso, velho e doente, não quis ir dali, morrendo com 112 anos de idade.

Entretanto, as prisões comunistas não davam chance para tantos anos de vida. A maioria dos idealistas de uma República Nacional da Ucrânia, os combatentes de inúmeras insurreições, os trabalhadores insatisfeitos com trabalho escravo, os aldeões levados ao desespero com o “céu” dos “kolkhozes” (fazendas coletivas), o acuado clero, os representantes da velha inteligência, que foram tachados de “nocivos” e “nacionalistas” e, finalmente, aqueles que nos dias anteriores eram o esteio do governo, e hoje declarados como “inimigos da nação”, isto é, os que já pertenceram ao partido comunista e foram funcionários do governo da União Soviética; escritores, cientistas e artistas - todos eles, com raras exceções, foram condenados ao extermínio, pelo fato da permanência em Solovki.
Desde o tempo dos czares Rússia almejava, mais que a outros países, transformar a Ucrânia em parte de seu território, devido a sua localização geograficamente estratégica (acesso ao Mar Negro) e sua economia. Sobre isso escreve o historiador alemão Andreas Kapeler, em seu livro “Kleine Geschichte der Ukraine”. E, ainda, os ucranianos eram maioria em Solovki devido a sua resistência ao regime de Stalin. No final dos anos vinte (século passado), eram especialmente observados como incertos ou não sintonizados com o governo e, posteriormente aprisionados.
Em 26.09.1936 foi dispensado do cargo de Comissário Nacional de Assuntos do Interior da URSS, Henrikh Yahoda. Foi fuzilado, por ordem de Stalin em 15.03.1938. Para substituí-lo foi designado Mykola Yezhov (pronuncia-se Yejov) que logo criticou severamente toda atuação de Yahoda, (como era costume - criticar o antecessor). Yezhov apresentou a Stalin um plano completo de ações repressivas contra todos que poderiam se opor ao regime.

O que fazer com os prisioneiros? Na primavera de 1937 havia em Solovki entre 700 a 800 mil pessoas. Poucos acampamentos novos foram criados, os existentes tornavam-se cada vez maiores. Decidiu-se pelo aumento das atividades já existentes e criação de novos acampamentos.
Na Ucrânia, o número de aprisionados, em 1937, teve uma substantiva alta. Os dados oficiais são: 1935 - 24.934 presos; 1936 - 15.717 presos; 1937 - 159.573 presos; 1938 - 108.000 presos; 1940 - 50.000 aproximadamente.
Solovki não era a única prisão da União Soviética. Havia muitas prisões em todo o território, e todas estavam abarrotadas!

Em 1937 o governo de Stalin decidiu aproveitar os prisioneiros em diversos trabalhos e, ao mesmo tempo, “limpar” os acampamentos. Esta decisão foi em agosto e, imediatamente posta em prática. Foram fuzilados não menos de 30 mil prisioneiros. Este foi só o começo.
No outono de 1937 terminava o tempo de aprisionamento de muitos. O que fazer com eles? A maioria foi aprisionada por motivos políticos e, não era do interesse do regime deixá-los em liberdade.

Desde o início de 1937, a direção dos acampamentos decidiu construir um documento do aprisionado onde se registravam todas as suas atitudes, opiniões e relacionamentos que mantinham com outros presos, valendo-se de informantes (que poderiam ser recrutados entre os presos ou pessoal da guarda). Com base nas informações obtidas, a decisão sobre a vida do prisioneiro era resolvida por três “juízes”, pessoas da administração do acampamento. Desta maneira o regime justificava seus atos de extermínio. Alguns documentos referentes a estes fatos foram conhecidos em 1956, durante o “degelo” de Khrushtchov.
Os documentos eram assinados por Ivan Apetera, superintendente de Solovki, e seu substituto, Petro Raievskyi. Ivan Apetera foi designado para Solovki em 1934. Depois dos fuzilamentos, em 26.12.37 foi desligado e, em 22.08.1938 condenado ao fuzilamento. Petro Raievskyi, designado para responder por Solovki em outubro de 1938 foi aprisionado em 10.11.39 e mais tarde fuzilado.

Como vemos, o regime mandava matar e, posteriormente matava os executores. NÃO HAVIA SAÍDA: OS QUE ERAM ESCOLHIDOS PARA O SERVIÇO SUJO, NÃO PODIAM DEIXAR DE EXCUTÁ-LO. EXECUTANDO, POSTERIORMENTE ERAM EXECUTADOS. De qualquer modo seu destino já era decidido.
Até os muito dedicados ao regime caíam em desgraça, como é o caso de Leonid Zakovskyi, que chefiava as ações penais em Leningrado em 1937. Em janeiro de 1938 recebeu de Yezhov a incumbência de realizar a “limpeza” em Solovki. Executou a parte mais importante e mais suja, mas, já em 16.04.1938 foi afastado da NKVS e, em seguida aprisionado. Em 29.08.38 foi condenado e executado no mesmo dia. Seus parentes próximos sofreram represálias.
Os mais adeptos do regime eram destruídos primeiramente. Yezhov, um dos maiores terroristas da União Soviética, foi afastado de seu cargo em 10.04.39, aprisionado em Sujánovka e fuzilado em 04.02.1940.

Nota do Editor:

KGB

Evolução dos “Órgãos” de repressão comunista na URSS

Tcheká - Tchezvitchainaia Kommíssio (Comissão Extraordinária de luta contra a contra-revolução e a sabotagem).
- O mais antigo nome da polícia secreta soviética, de 1917 a 1922, quando foi substituída pela GPU.

GPU - Gossudarstviênnoie Polítcheskoie (Administração Política do Estado).
- Designação da polícia secreta soviética que substituiu a Tcheká, de fevereiro a dezembro de 1922, quando foi mudada para OGPU. No entanto, continuou sendo conhecida por GPU.

OGPU - Obiediniónnoie Gossudarstviênnoie Politícheskoie Upravliênie (GPU Unificada).
- Os “’Orgãos” de 1922 a 1934; unificados ao nível da URSS.

NKVD - Naródni Kommissariat Vnutriênnikh Diel (Comissariado do Povo do Interior).
- Órgão da polícia secreta de 1934 a 1943, que substituiu a OGPU.

NKGB - Naródni Kommissariat Gossudarstviênnoi Bezopásnosti (Comissariado do Povo da Segurança do Estado).
- Órgão da polícia secreta que substituiu o NKVD de 1943 a 1946.

MGB - Ministiérstvo Gossudarstviênnoi Bezopásnosti (Ministério da Segurança do Estado).
- Órgão da polícia secreta; sucedeu ao NKGB de 1946 a 1953.

KGB - Komitet Gossudarstviênnoi Bezopásnosti (Comitê da Segurança do Estado).
- Órgão da polícia secreta soviética, ligado ao Conselho de Ministros. A última transformação dos “Órgãos”, depois de 1953. Sucedeu ao MGB

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