quinta-feira, 13 de setembro de 2012

IDEOLOGIA - UM ENSAIO

Ideologia, produtora de consciências e controle mental. Imagem: Resistência Democrática.

POR RIVADAVIA ROSA
      “La ceguera biológica impide ver, pero la ceguera ideológica impide pensar.”

(“A cegueira biológica impede de ver, porém a cegueira ideológica impede de pensar.”) Octavio Paz

Pero, quando se fala em ideologia não se pode olvidar quem viveu o ‘experimento’ em todas suas facetas e aberrações (des) humanas, sobreviveu e adverte:

"A ideologia! Ela fornece a desejada justificação para a maldade, para a firmeza necessária e constante do malfeitor".

Ela constitui a teoria social que o ajuda, perante si mesmo e perante os outros, a desculpar os seus atos e não escutar censuras ou maldições, mas sim elogios e testemunhos de respeito.

Era assim que os inquisidores se apoiavam no cristianismo, os conquistadores no enfraquecimento da pátria, os colonizadores na civilização, os nazis na raça, os jacobinos (de ontem e de hoje) na igualdade, na fraternidade e na felicidade das gerações futuras".

- Alexandre Soljenítsen, in ARQUIPÉLAGO GULAG (1918-1956).
São Paulo: Círculo do Livro S.A. p. 176.

A ideologia – a nível político cumpre a missão de ‘construir’ a hegemonia, ou seja, produção de uma consciência que assegure a adesão e o consentimento das grandes massas; do ponto de vista empresarial, sobretudo na economia capitalista – visa-se o sucesso e o lucro.

Nada a ver com ideologia, mas missão da empresa, constituída pela visão empresarial e de futuro dos empresários/empreendedores.
A ideologização opera-se no Estado socialista, vulgarmente conhecido como comunista.

NO ÂMBITO POLÍTICO – entra negativamente no cenário das aberrações – pelo domínio hegemônico – por um plano de controle mental que se utiliza das ferramentas da ideologização e da propaganda para mudar a percepção da realidade das massas por meio da destruição do sentido comum e da substituição dos valores no indivíduo (tudo é relativo) – primeiro aplica-se sobre os membros do partido, depois sobre a população.

Num primeiro plano os membros do partido são ‘enquadrados’ pelo ‘centralismo democrático’; depois a população. Os que não aceitam serão considerados dissidentes, inimigos do ‘povo’, da ‘revolução’ (contra-revolucionários), traidores da 'Pátria' e, logo perseguidos e eliminados.

A praxis confirma, e muito bem.

ESSE ‘CONTROLE’ FOI ENGENDRADO POR ANTONIO GRAMSCI – que inconformado com a influência da Igreja Católica sobre a sociedade de seu tempo (italiana) se dispôs a fazer do marxismo algo parecido incutindo a doutrina marxista na mente das pessoas (dirão os ateístas: então a culpa é da Religião.

Não é. É do messianismo da servidão).

ASSIM SE EXPRESSOU O GURU DA SERVIDÃO:

“Bater com a cabeça na parede faz a cabeça doer e nada acontece com a parede; é preciso penetrar por trás da parede para destruí-la por dentro.
Não tomem quartéis, tomem seminários; não insistam que a religião é o ópio do povo, mas penetrem com nosso próprio ópio para destruir sua vontade de lutar”.
 
Antonio Gramsci, comunista italiano.

PARA GRAMSCI é um dever romper com o conhecimento em sua forma racional, que um indivíduo seja incapaz de reconhecer a verdade da mentira, abolir seu sentido crítico ocidental e inculcar em seu lugar a visão política do momento, converter numa expressão e voz das necessidades do regime, das inclinações de seus líderes, das expressões de sua ‘classe social’, fazê-los numa palavra, instrumentos cegos do comunismo.

GRAMSCI – prega uma cruzada (a) ética, uma confrontação de valores que é levada aos termos de uma guerra e onde o homem socialista recebe uma ‘licença’ - uma carta absolutória de qualquer crime que possa cometer em nome da revolução.

Observe-se que os maiores democidas repetem à exaustão que serão ‘absolvidos pela história’.

ENFIM - ESTA IDEOLOGIA – por meio de desejos, sonhos, anseios e temores – conquista o coração e a mente da massa idiotizada e carente de formação e afeto, oferece-lhe o ‘título’ de ‘kamarada’/companheiro, se for o caso até uniforme (camisas pardas, marrons, rojas/vermelhas), catecismo, e a oportunidade de expressar suas confusas idéias em círculos, foros e programas de televisão, onde encontrará pessoas igual a eles, instrumentalizadas pelo pensamento único (sim pensamento único que é atribuído perversamente à direita ‘neoliberal’) que sempre lhe darão não só razão e apoio, mas também interditará de forma peremptória qualquer oportunidade de manifestação de pensamento livre e crítico.

É a pura servidão – em nome do partido, do partido-Estado, representado culto à personalidade do chefe de turno, que passa a representar a própria soberania popular – como ente único e insubstituível (superior até a inexorável mortalidade ...).

A NÍVEL DE ESTADO A hegemonia ao invés de gerar no país uma maior governabilidade, posto que mediante coalizões, acordos, fisiologismo, negócios, prebendas, e outros ‘mimos’ e benesses ‘redistribuídos’, e até pela disseminação do princípio da corrupção sistêmica, anula os demais poderes republicanos vigentes na democracia, têm produzido na realidade maior contestação social com seus efeitos deletérios e anárquicos caracterizando um verdadeiro desgoverno e uma ameaça real ao Estado de Direito.

A IMPOSIÇÃO Na governança pública como princípio (a) ético – configura-se insidiosamente como doutrina do cinismo e da hipocrisia e, de forma descarada como está sendo feito é realmente preocupante, não só por ser racional e sistemática, mas também porque viola as normas legais, enveredando para a destruição do Estado de Direito.

ESSA É GÊNESE DA PATOLOGIA – que produz mentes enfermas e criminosas, alijadas de pensar por si mesmas e que não vem de hoje; a metamorfose é permanente (e até ambulante):

“A maioria dos pacifistas pertence a seitas religiosas obscuras ou simplesmente é composta de humanistas que se opõem a tirar a vida e preferem não seguir seus pensamentos além desse ponto.

Mas há uma minoria de pacifistas intelectuais cujo motivo real, embora não reconhecido, parece ser o ódio à democracia ocidental e a admiração do totalitarismo.

A propaganda pacifista normalmente se limita a dizer que um lado é tão ruim quanto o outro, mas quando se estuda atentamente os escritos dos jovens intelectuais pacifistas, descobre-se que de modo algum eles exprimem desaprovação imparcial, mas se dirigem quase que integralmente contra a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.”
 
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Você quer saber mais? 
 

HITCHENS, Christopher. Amor, pobreza e guerra – Ensaios e viagens pela cultura e o mundo de hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006, apud Notes on Nacionalism, de George Orwell, de maio de 1945. 
 
 

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